Banco Central recebeu 2.923 queixas contra consórcios
Apesar de serem uma modalidade de financiamento em expansão no país, os consórcios ainda são alvo de muitas reclamações. Segundo o último balanço do Banco Central (BC), no primeiro semestre deste ano foram feitas 2.923 queixas sobre eles nos diversos canais de atendimento do BC, sendo 88 consideradas procedentes – a maioria delas nos segmentos de veículos e imóveis.
Entre as mais frequentes, nas quais foram encontrados indícios de irregularidades, conforme o BC – responsável pela fiscalização do setor –, estão o “descumprimento de obrigações previstas em contratos”, com 34 ocorrências, e “irregularidades relacionadas à liberação do crédito”, com 19 registros.
A aposentada Odail da Mota Silva, 49, conhece muito bem os problemas relativos às obrigações previstas no contrato. No ano passado, ela aderiu a um consórcio de veículo com direito a isenção de tributos, como o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o Imposto de Importação, concedido às pessoas com deficiência. “Minha carta de crédito era de R$ 56 mil e o carro, com a isenção, custaria R$ 44 mil. Com isso, fiquei com saldo de R$ 12 mil, que foram usados para abater, sem problemas, parcelas ainda não pagas”, lembra.
A surpresa, no entanto, apareceu na hora de retirar o carro, com câmbio automático, na concessionária. “Quando fui buscar o veículo, me falaram que ele seria entregue sem pintura, e que isso estava previsto no contrato. Achei um absurdo, mas, mesmo assim, paguei R$ 1.107,22 pela pintura”, conta a aposentada, que admite não ter lido com atenção todo o contrato. “Não me falaram sobre isso. Esse tipo de informação deveria ser passada com mais clareza para o consumidor”, reclama Odail.
Existem hoje no país 6,05 milhões de consorciados ativos no mercado de veículos (leves, pesados e motos), segundo a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac). Só na compra de seminovos, a participação do sistema de consórcios praticamente triplicou, quando se compara os cinco primeiros meses de 2018 ao mesmo período de 2011.
“A liberdade de escolha que o consorciado detém quando é contemplado possibilita a realização do objetivo com maior flexibilidade. Ao ser informado de que o crédito está disponível para compra, por exemplo do carro zero, o consorciado tem a possibilidade de optar pelo bem desejado inicialmente ou decidir por outro modelo, como um seminovo mais equipado”, explica Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da Abac, em comunicado divulgado à imprensa na semana passada sobre o crescimento da modalidade.
Cuidado para não cair em armadilhas
- Confira se a empresa é séria. A lista das administradoras autorizadas a funcionar pelo Banco Central está disponível no site www.bcb.gov.br.
- Verifique nos órgãos de defesa do consumidor se há queixas contra a empresa.
- Leia cuidadosamente o contrato antes de assiná-lo e efetuar qualquer pagamento.
- Não faça pagamentos em dinheiro. Eles devem ser feitos em cheques nominativos à administradora do consórcio ou de outra forma que permita comprovar que o pagamento foi mesmo realizado.
- Avalie a inadimplência do grupo, as taxas de adesão e de administração.
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