Sarampo: baixa cobertura vacinal em Minas e casos em estados vizinhos preocupam

A ameaça do sarampo bate à porta de Minas Gerais e encontra uma legião de pessoas desprotegidas. São 6 milhões de habitantes não vacinados e ignorando a forma mais eficaz de evitar o contágio, o que cria um cenário preocupante. A doença, declarada erradicada no país em 2016, voltou a ameaçar. Há casos de contaminação este ano em quase todas as regiões brasileiras, incluindo o Sudeste e o estado vizinho do Rio de Janeiro. Com uma cobertura de imunização abaixo do desejado, que é de 95%, Minas tem um contingente considerável de pessoas suscetíveis à virose, altamente contagiosa, que pode se instalar de forma grave e até matar. Com mais de 50 casos suspeitos sob análise em território mineiro, campanha nacional em agosto vai tentar reverter os baixos índices de cobertura. Em Belo Horizonte, a partir da semana que vem, equipes de saúde vão tentar achar crianças sumidas das salas de vacinação para garantir a proteção do grupo mais sensível à doença.

De acordo com o Ministério da Saúde, o país enfrenta dois surtos de sarampo, em Roraima e no Amazonas. Nesse último estado, até o último dia 27 haviam sido confirmados 265 casos, 1.693 permaneciam em investigação e 137 haviam sido descartados. Roraima confirmou 200 diagnósticos, 179 continuam sendo analisados e 35 foram descartados. Até o momento, o Rio de Janeiro informou 18 casos suspeitos e dois confirmados. Além disso, casos isolados e relacionados a pacientes que se contaminaram em outros locais foram identificados nos estados de São Paulo (1), Rio Grande do Sul (6) e Rondônia (1). A pasta acrescentou que medidas de bloqueio de vacinação, mesmo diante de quadros suspeitos, foram feitas em todos os estados.

Com a virose no calendário nacional de imunização desde 1980 e nas campanhas de vacinação desde 1990, o percentual de vacinados vem caindo, o que dispara o sinal de alerta. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas, no ano passado a cobertura vacinal da triviral (que protege também contra caxumba e rubéola) como primeira dose (para crianças de 1 ano) foi de 83,69%. A segunda dose, para crianças de 15 meses, foi ainda menor (74,84%).

Já este ano, até maio, a primeira dose alcançou 77,56% do público-alvo, enquanto a segunda protegeu apenas 61,21% dos bebês – percentuais bem abaixo da meta de 95% de cobertura. Apesar da população vulnerável, não há casos confirmados da doença no estado. Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), houve 66 registros suspeitos de sarampo no ano passado, mas todos foram descartados. Em 2018, 56 notificações estão em análise.

A diretora de Promoção à Saúde e Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde, Lúcia Paixão, ressalta que, tanto para a primeira dose (tomada com 1 ano) quanto no reforço (1 ano e 3 meses), a cobertura deve se manter em torno de 95%. “Uma das explicações é de que como a doença não estava ocorrendo mais, as pessoas relaxaram. Mas só não temos a ocorrência da enfermidade porque estamos vacinados”, explica. Lúcia ressalta a necessidade de manter em dia o esquema vacinal para garantir a proteção: “Crianças são o grupo de maior risco, mas os jovens e adultos também precisam estar vacinados contra o sarampo”. A recomendação é de que pessoas até 29 anos tenham pelo menos duas doses da vacina. Depois, de 30 anos aos 49, pelo menos uma dose. “Se não está protegido, deve se vacinar.”

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