Representantes de caminhoneiros declaram estado de greve e avisam que podem parar em novembro
Caminhoneiros podem fazer nova paralisação nacional a partir do dia 1º de novembro, caso o presidente Jair Bolsonaro não atenda aos pedidos da categoria, como valor mínimo para o frete, aposentaria especial (25 anos de contribuição ao INSS) e mudança na política de preços da Petrobras, baseada atualmente no mercado internacional e que faz os preços dos combustíveis disparar.
Os rumos do movimento foram acertados durante assembleia realizada no último sábado (16), que reuniu representantes de três entidades representativas no Rio de Janeiro, incluindo participantes que lideraram a greve de 2018. As entidades declaram estado de greve por 15 dias. Participaram do encontro a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística, o Conselho Nacional de Transporte Rodoviário de Cargas e a Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores. O movimento não tem apoio da Associação Brasileiras dos Caminhoneiros.
A Frente Parlamentar do Caminhoneiro Autônomo e Celetista fará a interlocução com o Planalto. “Nós, caminhoneiros autônomos do Brasil, estamos em estado de greve”, afirmou o deputado federal Nereu Crispim (PSL-RS), que preside a frente. “Significa dizer ao governo Bolsonaro que o prazo de três anos que ele teve para desenvolver, desencadear, melhorar a vida do transportador autônomo não foi cumprido”, completou o parlamentar em vídeo que já circula em grupos de motoristas.
De janeiro a setembro desse ano, os preços de revenda registraram aumentos de 28% no diesel, 32% na gasolina e 27% no GLP, segundo o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (INEEP). A perspectiva é de manutenção dessa tendência de alta devido às flutuações no preço internacional do barril de petróleo.
Audiência
A possibilidade de uma paralisação já tinha sido informada pelos caminhoneiros durante audiência pública realizada pela Câmara dos Deputados no começo desta semana. Na ocasião, a Petrobras defendeu a atual política de preços de combustíveis baseada no valor do barril de petróleo no mercado internacional e do dólar. Já os representantes dos caminhoneiros anunciaram tendência de nova greve.
O principal objetivo era encontrar soluções para os constantes reajustes nos preços dos derivados de petróleo. Apesar de muitas críticas à chamada política de paridade internacional (PPI) em vigor desde o governo Michel Temer, o gerente geral de comercialização no mercado interno da Petrobras, Sandro Barreto, disse que a PPI garante o pleno abastecimento ao país. “Essa referência no mercado internacional é fundamental para que o mercado siga sendo suprido sem riscos de desabastecimento. Temos vários atores. O Brasil importa grande quantidade de diesel, gasolina e GLP e esses atores fazem parte da cadeia de suprimento”, explicou.
Situação grave
O presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (ABRAVA), Wallace Landim, afirmou que a atual situação é mais grave do que a registrada na greve dos caminhoneiros de 2018. A categoria reclama de “descaso”, segundo Plínio Dias, presidente do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC).
“Muitos caminhoneiros não conseguem nem voltar mais para casa, porque os combustíveis levam de 70% a 80% (da renda). E outros 15% são levados pelo pedágio. Então, fica aqui a nossa indignação. Ninguém quer uma nova data de paralisação, mas o caminho está sendo para isso”, afirmou.
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