Malária: OMS aprova segunda vacina para crianças
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou nesta segunda-feira (2) o uso em crianças de uma segunda vacina contra a malária, doença que mata milhares de pessoas todos os anos.
“Como pesquisador da malária, sonhava com o dia em que teríamos uma vacina segura e eficaz contra a malária. Agora temos duas”, declarou em uma coletiva de imprensa o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
“Tenho o grande prazer de anunciar que a OMS recomenda uma segunda vacina, chamada R21/Matrix-M, para prevenir a malária em crianças com risco de contrair a doença”, indicou.
A malária continua sendo uma ameaça, especialmente para as crianças africanas. Em 2021, causou a morte de 619 mil pessoas no mundo, segundo os últimos dados da OMS.
Outros especialistas da OMS avaliam as modalidades de fabricação e outros aspectos regulatórios, explicou a diretora do departamento de imunização e vacinas da OMS, Kate O’Brien.
Quando todas as permissões forem obtidas, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Aliança para as Vacinas (Gavi) poderão administrar as vacinas, desenvolvidas pela Universidade de Oxford e fabricadas pelo Serum Institute of India. Seu uso já está autorizado em Gana, Nigéria e Burkina Faso.
Um “grande passo adiante”
Em 2021, outra vacina, a “RTS,S”, produzida pela gigante farmacêutica britânica GSK, se tornou a primeira recomendada pela OMS para prevenir a malária em crianças nas zonas onde a transmissão é moderada ou elevada.
Tedros garantiu que “a demanda para a vacina RTS,S excede, de longe, a oferta”.
A R21/Matrix-M é, de acordo com ele, “uma ferramenta extra essencial para proteger mais crianças, mais rápido”, para “nos aproximarmos da nossa visão de um futuro sem malária”.
As duas vacinas apresentam taxas de eficácia semelhantes, em torno de 75% quando administradas nas mesmas condições.
Uma dose da nova vacina aprovada custa entre US$2 e US$4 (R$10 e R$20), especificou Tedros.
Sendo assim, constitui um “grande passo adiante” para dezenas de países, disse O’Brien.
Transmitido por mosquitos
Os programas piloto para introdução da “RTS,S” em três países africanos – Gana, Quênia e Malawi – permitiram que mais de 1,7 milhão de crianças recebessem pelo menos uma dose da vacina desde 2019.
A implementação da vacinação contra a malária nesses três países provocou uma queda substancial nas formas graves e mortais da doença, além de uma diminuição da mortalidade infantil.
Segundo a agência de saúde, quando administrada em larga escala, poderá salvar milhares de vidas por ano.
Em julho passado, a OMS, o Unicef e a Gavi anunciaram conjuntamente a atribuição de 18 milhões de doses da vacina contra a malária para 12 países africanos, entre 2023 e 2025.
A doença é causada por um parasita minúsculo do gênero Plasmodium, transmitido por picadas de mosquitos, e pode causar febre, dor de cabeça e calafrios. O quadro pode se agravar e se tornar fatal, quando não tem tratamento.
Cerca de metade da população mundial vive em áreas de risco e pode contrair malária. A maioria dos casos e mortes ocorrem na África.
Por isso, a professora Megan Greischar, da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, enfatiza que uma vacina não será suficiente para erradicar a doença.
“Em zonas onde a malária é comum, a resistência dos mosquitos aos inseticidas e a resistência dos parasitas aos medicamentos prejudica o progresso na saúde pública e torna as ferramentas existentes menos eficazes”, explicou, embora tenha reiterado que “ter mais uma vacina na caixa de ferramentas é uma boa notícia”.
Além disso, a OMS também apresentou novas recomendações sobre vacinas contra a dengue e a meningite, além de uma simplificação das recomendações para a vacina contra a covid-19.
Fonte: Itatiaia
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