Nova onda de calor: Copasa reconhece que não estava preparada, mas que problemas não vão se repetir

Com uma nova onda de calor prevista para os próximos dias em Belo Horizonte e outras cidades de Minas Gerais, há preocupação sobre a possibilidade de um novo desabastecimento de água nos bairros da região metropolitana. No mês passado, moradores relataram que tiveram que conviver com a falta d’água por dias enquanto os termômetros marcavam 37ºC.

Nos próximos dias, segundo o Instituto de Meteorologia (Inmet), as temperaturas devem subir entre 3ºC e 5ºC. Em meio a uma nova onda de calor, o diretor-presidente da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), Guilherme Augusto Duarte de Faria, foi convocado para dar explicações a deputados em uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Faria reconheceu erros cometidos pela Companhia no mês passado, mas disse que diversas melhorias foram feitas nesse período para que a situação não se repita. Ainda de acordo com ele, a Copasa não estava prepara para um aumento repentino no consumo de água dos moradores da Grande BH.

“Na segunda semana de novembro, nós, de fato, passamos por uma onda de calor na região metropolitana que elevou o consumo [de água] para níveis totalmente acima ou absolutamente acima de qualquer histórico recente ou antigo dentro da região metropolitana. A nossa média de consumo na região é da ordem de 15 mil litros por segundo e entre os dias 17 e 18 de novembro, nós atingimos um pico de 18,5 mil litros por segundo. Isso é muito superior, inclusive à mesma época de calor do ano passado. Então, a companhia não estava preparada para isso”, explica.

Ainda de acordo com Guilherme de Faria, uma série de ações foram adotadas pela Copasa nos últimos 10 dias.

“Já conseguimos rearranjar as nossas bombas e ampliar em cerca de 10% a captação no rio das Velhas, estamos recapacitando outras estações de bombeamento, para que a gente tenha condições de levar água até as pontas, recapacitando redes, revisando nossos planos de manobra para que, caso haja aumento do consumo, a gente possa atender a todas as regiões de Belo Horizonte de forma mais equânime”, afirma.

Para Faria, a companhia realiza um plano de obras e outras ações para o ano que vem.

“A gente não pode achar que são ondas que vão acontecer apenas em 2023″, diz.

Morador de Igarapé, na Grande BH, José dos Santos esteve presente na audiência pública na ALMG e disse que a cidade sofreu com o desabastecimento durante 10 dias e que a prefeitura precisou contratar caminhões-pipa para que a população pudesse ter acesso a atividades básicas do dia a dia.

“Estava totalmente inviável de fazer comida, tomar banho… a água é tudo na vida de uma pessoa”, desabafa.

O diretor-presidente da Copasa reconheceu que, além de Igarapé, outras regiões periféricas da RMBH, como Pedro Leopoldo, Ribeirão das Neves, o bairro de Nova Contagem e Esmeraldas sofrem com a intermitência no serviço de abastecimento de água. Mas rechaçou que a Companhia tenha privilegiado bairros ricos e deixado desguarnecidos bairros mais pobres.

“A falta de água não tem discriminação em relação à raça, gênero, quantidade de recursos, renda. Muito pelo contrário. Nós tivemos falta de água nos bairros Belvedere, Ouro Preto, Caiçara para além, de fato, da periferia. Isso está muito ligado, na verdade, à dinâmica de como a cidade cresceu para as periferias e para áreas altas que, hoje, o nosso sistema está se mostrando incapaz de atender a contento”, reconhece.

No mês passado, a deputada estadual Bella Gonçalves (Psol) denunciou, em uma outra audiência pública, que a Copasa não havia acionado o plano de contingência para minimizar o desabastecimento em áreas periféricas.

“A pressão que nós, da Assembleia, e que a população fez está surtindo efeitos. A Copasa assume que errou ao não ativar o plano de contingência e está construindo um plano com 41 ações para garantir que não falte água no próximo período. Nosso papel será o de fiscalizar”, afirma.

A audiência pública foi marcada por críticas de deputados aos serviços da Copasa, já que os reservatórios de água estão cheios.

“Não tem motivo para faltar água nas torneiras das casas, creches e escolas da região metropolitana se os reservatórios estão cheios. O problema disso é de gestão e de operação – que não pode se repetir de forma nenhuma”, diz a psolista.

A audiência foi convocada pelo presidente da Comissão de Defesa do Consumidor, deputado Adriano Alvarenga (PP). Ele concorda que os problemas de falta de abastecimento de água não são justificáveis.

“Não estamos falando de uma empresa que dá prejuízo. Estamos falando de uma empresa que no último trimestre deu o lucro de 250 milhões de reais. O que estão fazendo com esse lucro?” questiona.

Para a deputada Nayara Rocha (PP), há outro problema que tem marcado a prestação de serviços da companhia: a falta de recapeamento das ruas após uma obra emergencial.

“É muito triste quando a gente é surpreendido com a Copasa furando a rua, e aí passa uma semana, 10 dias e a gente tem que ficar ligando para irem fazer um tapa-buraco em um local que acabou de ser revitalizado”, critica.

 

Fonte: Itatiaia

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