Condenado a 195 anos outro envolvido na Chacina de Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha

Terminou às 22h25 desta segunda-feira, dia 13 de maio, no Fórum Lafayette, em BH, o julgamento de mais um dos acusados do crime conhecido como Chacina de Felisburgo, ocorrido em novembro de 2004, no Vale do Jequitinhonha. O réu Calixto Luedy Filho foi condenado a 195 anos e nove meses de prisão, em regime fechado, pelo homicídio de cinco pessoas, tentativa de homicídio de outras 12 e por atear fogo em casas e escola.

Ele é o quinto réu a ser condenado pela Justiça. Antes dele, o fazendeiro Adriano Chafik Luedy e Washington Agostinho da Silva foram sentenciados, em outubro de 2013, a 115 e a 97 anos de prisão, em regime fechado, respectivamente. Em janeiro de 2014, Francisco de Assis Rodrigues de Oliveira e Milton Francisco de Souza também foram condenados, ambos, a 102 anos e seis meses de reclusão, em regime inicialmente fechado.

A transferência do julgamento para Belo Horizonte foi solicitada para garantir a imparcialidade e a segurança dos envolvidos. A sessão no 2º Tribunal do Júri da capital começou às 9h10 da manhã e foi presidida pelo juiz Alexandre Cardoso Bandeira.

Durante seu interrogatório, Calixto Luedy Filho negou qualquer participação nos crimes. Ele contou que estava em Aracaju-SE na data da chacina e que não era proprietário de “nenhum palmo de terra naquela fazenda”, onde ocorreram as mortes de cinco pessoas. Outras 12 pessoas ficaram feridas na ação, que ainda teve o incêndio de 27 casas e da escola do acampamento.

O réu também negou que tenha ido ao acampamento ameaçar os ocupantes da fazenda. Calixto rechaçou ainda a acusação de que tinha comprado armas e selecionado os demais pistoleiros que participaram da ação.

O promotor de Justiça Christiano Leonardo Gonzaga Gomes ressaltou que um dos condenados pela chacina, Adriano Chafik, entrou na época com ação de reintegração de posse contra integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que haviam invadido a fazenda. Ele, no entanto, acabou perdendo a disputa na Justiça e as terras foram demarcadas em favor dos assentados.

Ainda de acordo com o Ministério Público, inconformado com a derrota jurídica, ele reuniu 14 homens, que começaram a ameaçar os assentados, até que, em novembro de 2004, ordenou e liderou o ataque ao acampamento. O próprio Adriano Chafik teria conduzido parte do grupo para o local, com a participação também de Calixto Luedy. O promotor ainda argumentou que é infundada a alegação de Calixto de que ele não estava no local do crime no dia da chacina.

A defesa do réu, a cargo dos advogados Heleno Batista Vieira, Sizenando José da Silva e Paulo Santos da Silva, argumentou que seu cliente não tinha nada a ver com crime, pois vários integrantes do MST foram ouvidos na fase de inquérito e não reconheceram Calixto Luedy. Para a defesa, ele estava resolvendo o problema do primo, Adriano, com a invasão de sua fazenda e, por isso, alguns trabalhadores rurais tinham interesse em incriminá-lo na chacina.

Com o julgamento de Calixto, ainda faltam outros nove réus a serem julgados. A denúncia do Ministério Público possui 15 acusados, sendo que os julgamentos já realizados foram desmembrados do processo principal. Admilson Rodrigues Lima, um dos réus, faleceu durante a apuração do crime.

 

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