Samuel Viana estuda deixar o PL após desentendimentos com bolsonaristas

O deputado federal Samuel Viana avalia deixar o PL diante dos atritos que têm tido com a ala bolsonarista da bancada do partido na Câmara dos Deputados. Filho do senador Carlos Viana, atualmente no Podemos, ele pode se filiar ao PP ou ao partido em que está o pai.

A equação, no entanto, não é fácil: no caso dos deputados federais, os mandatos pertencem aos partidos. Assim, para sair da sigla e permanecer como parlamentar, Samuel precisaria chegar a um acordo para ser liberado pelo presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, ou encontrar uma justificativa que o permita trocar de legenda sem perder o mandato.

O deputado mineiro faz parte de um grupo da bancada do PL, composto por 20 a 30 deputados, que prega uma atuação mais ao centro e tem votado com o governo Lula nas pautas econômicas no Congresso, como o novo arcabouço fiscal e a reforma tributária. Esta última levou a uma briga no grupo de WhatsApp da bancada do PL, pois os deputados mais ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não gostaram do posicionamento dos colegas do partido.

Questionado pela Itatiaia, Samuel Viana afirmou que se a sigla continuar a fazer o que ele classificou como “oposição por oposição” e “personificar e resumir a atuação partidária no movimento bolsonarista”, ele pode deixar o PL. “Muitas pessoas não me acompanharam, mas minha construção política e eleição não foram baseadas na onda da polarização, no viés bolsonarista e nem em vídeos de ‘lacração de internet’. Meu eleitorado não comunica com os extremos, nem de direita e nem de esquerda”, disse ele.

“O que meu eleitor quer de mim, é um trabalho político que gere resultado efetivo, a minha contribuição […] Talvez, em outra sigla, eu teria mais espaço para trabalhar desta forma e, também, teria interesse em um parlamentar com o meu perfil”, continuou Samuel.

Advogado de formação, o parlamentar considera que os posicionamentos institucionais do PL e de parte dos diretores e integrantes, assim como as orientações nas votações na Câmara, “têm violado o estatuto do programa partidário em vários pontos”. Essa interpretação permitiria a Samuel Viana uma justa causa para deixar o PL sem perder o mandato.

“Mas em caso de opção pela saída do PL, ela certamente passaria, em um primeiro momento, por uma conversa com o nosso presidente, Valdemar Costa Neto, que foi quem me acolheu no partido e por quem eu tenho profunda estima, para uma possível liberação de acordo com o que prevê a Constituição Federal, garantindo a continuidade do mandato”, ponderou ele.

Confira minientrevista com Samuel Viana:

O senhor avalia deixar o PL?

Caso o partido continue com a linha de pensamento de fazer “oposição por oposição”, não participando, de fato, da construção de bons projetos e dialogando para a estruturação de um país melhor, além de personificar e resumir a atuação partidária no movimento bolsonarista, deixando de lado as propostas, debates técnicos, a construção de boas políticas públicas e a participação efetiva pensando no nosso país e não na polarização eleitoral, a saída da sigla pode vir a ser algo necessário para que eu consiga exercer o mandato ao qual fui eleito, mantendo a coerência com aquilo que apresentei durante a campanha eleitoral: trabalhar de forma equilibrada, com diálogo e ponderação, sempre de forma construtiva e propositiva.

Quais são os motivos do senhor?

Muitas pessoas não me acompanharam, mas minha construção política e eleição não foram baseadas na onda da polarização, no viés bolsonarista e nem em vídeos de “lacração de internet”. Meu eleitorado não comunica com os extremos, nem de direita e nem de esquerda. O que meu eleitor quer de mim, é um trabalho político que gere resultado efetivo, a minha contribuição. Não que eu polarize a qualquer custo por conta da posição do partido. Talvez, em outra sigla, eu teria mais espaço para trabalhar desta forma e, também, teria interesse em um parlamentar com o meu perfil.

Como ocorreria essa saída, já que o mandato pertence ao partido?

Em uma interpretação pessoal, até mesmo como advogado, creio que o partido, tanto pelas orientações de votação em plenário, quanto pelos posicionamentos institucionais e de alguns diretores e integrantes que respondem pela sigla, têm violado o estatuto e o programa partidário em vários pontos. Mas em caso de opção pela saída do PL, ela certamente passaria, em um primeiro momento, por uma conversa com o nosso presidente, Valdemar Costa Neto, que foi quem me acolheu no partido e por quem eu tenho profunda estima, para uma possível liberação de acordo com o que prevê a Constituição Federal, garantindo a continuidade do mandato.

Fonte: Itatiaia

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